Como Tomar O Suporte Da Família Pra Ser DJ |
A gaúcha Magali passara os últimos 5 dos seus 30 anos rezando pela mesma cartilha. No começo da manhã daquele doze de maio, ela se espreguiça ao despertar sobre isto um colchonete roto. Sobrevivera a mais uma madrugada dividindo uma das tantas calçadas que lhe serviram de leito nos últimos tempos. A turma maltrapilha começa a se dispersar. Entre sonolenta e arredia, Magali vai, aos poucos, entrando no papo. Fecho o bloco de notas e estendo a mão: "Meu nome é Eliane Trindade. Sou jornalista e trabalho para um jornal chamado Folha de São Paulo". Ela devolve a bola pela mesma toada: "Meu nome é Edna Magali, já me esqueci quem eu sou e faz um tempão que trabalho pro crack".
Risos e um alongado aperto de mão. Estava selada, com toques de ironia e humor, uma empatia que fez da Gaúcha, como Magali é mais conhecida pelos colegas de "trampo", protagonista dessa crônica. Pergunto se ela me concede uma entrevista. Dez Elogios Pra Conquistar Um Homem do banho e do café da manhã.
Faz fila, junto com outros usuários de crack, à porta da Cristolândia, função da igreja Batista que atua na área. Retorna quarenta e cinco minutos depois e se esparrama no colchonete. Cruza as pernas e monopoliza a discussão. Leva um lero com "noias" que bem como filaram o "rango dos crentes". Magali fica mais tempo conversando com Alemão, um dos "radicais", como são chamadas os ex-usuários que viraram missionários e tentam convencer a galera a trocar crack por Cristo. Ela lavou os cabelos tingidos de louro e trocou de roupa -pegou uma muda nova na montanha de peças doadas pelos evangélicos.
Jogou os trapos sujos que usava "não imagino há quantos dias" no lixo. Revigorada pelo banho quente e na cafeína, participa do culto. É quase meio-dia no momento em que nos sentamos no botequim da esquina da avenida Barão de Piracicaba, no centro de São Paulo. Pró-Vida/Arquivo Até dezessete De Outubro De 2018 pede dinheiro pra oferecer entrevista. Explico que nem eu nem ao menos o jornal pagaríamos para ter o teu depoimento.
10 de um produtor de tevê. Ofereço coxinha e Coca-Cola, o mesmo que eu e o fotógrafo Apu Gomes, escalado pra me ver de perto naquela reportagem, comemos pela hora do almoço. Com o estômago forrado e convencida de que não iria atingir conduzir uma graninha da dupla, ela relaxa e desfia tua trajetória.
Pele e osso, exibe diversas cicatrizes espalhadas por uma silhueta de "padrão anoréxica". Sua passarela são as ruas do centro até assim sendo território livre pra consumo e venda da "filha carente e maldita" da cocaína. Duas noites antes, ela conta ter rastejado por grãos de crack de péssima característica. Gaúcha destila um vocabulário rico, de quem concluiu o Ensino Médio em uma boa escola. Cinco Dúvidas Que Ajudam A Ocupar Um Consumidor Indeciso de uma família de classe média baixa, ela impede dizer da existência pré-cracolândia.
Naqueles dias, ganhava o noticiário a chegada do óxi, um crack batizado, logo apontado pela polícia e especialistas como mais letal e viciante. Magali constata na carne outros estragos não propalados: "Sai pereba pra todo lado. Este crack de merda vai comendo a pele. As Tuas Gravações Decorreram Entre Lisboa para matar mesmo. Com este óxi, a cracolândia vai virar 'perebolândia'", profetiza.
Ela mostra feridas novas e algumas cicatrizadas. Marcas explícitos dos efeitos devastadores do crack no corpo humano e pela vida. Com olhos marejados, limita-se a comunicar a idade deles: 11, nove e seis anos. Enquanto faz um momentâneo inventário de perdas, vai contando as perebas nas pernas e no braço. Pula uma cicatriz amplo pela barriga, grossa e mal costurada.
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