O Dilema Da Imigração |
RESUMO A partir de temporada em Detroit, antiga capital do veículo, o autor explora o território da ruína nas representações culturais contemporâneas. Diferentemente do significado dos vestígios em obras do passado, a incrível decadência da cidade, presente em vídeos ou na arte, se reveste de um sugestivo glamour hipster. Era a primeira tempestade de neve do último inverno. No momento em que o dia amanheceu, um manto branco agora cobria tudo e, durante o dia, Detroit seria soterrada por uma avalanche gélida. Dentro do Instituto de Artes, eu me sentia num daqueles globos de neve de farsa que, no momento em que chacoalhados, fazem uma chuva de purpurina despencar sobre a cidadezinha submersa pela esfera de vidro.
Contudo, imensa e vazia, Detroit hoje não faria um bom suvenir. O Dilema Da Imigração , no momento em que pintou seus enormes murais no museu, Diego Rivera quem sabe nem sonhasse com o quadro de decadência que dominaria o lado de fora nesse prédio. Teu elogio à indústria é hoje uma visão apaixonada de uma realidade que já não existe. Nas laterais da obra, estão visões da fábrica de Mont Rouge, onde a Ford agora tinha instalado enormes linhas de montagem.
Fora do pátio de Rivera, contudo, as galerias do museu parecem esquecidas. Quadros de Van Gogh, Picasso, Bruegel e esculturas de Bernini e Rodin olham para o vago. Os funcionários que restam esperam o tempo ir até a hora de voltar pra moradia, e o público minguado faz rondas letárgicas ao redor das peças. Joel Mockovciak, um artista que mora na cidade, veio me encontrar na porta dos fundos do museu. Ele ficou de me notabilizar alguns dos espaços ocupados e reconfigurados pelos tipos criativos de Detroit.
Mesmo em cores vibrantes, os murais perdiam o fulgor quando vistos no meio da tempestade de neve. Pela noite anterior, assim como uma pancada de chuva atingira a cidade, logo antes da queda das temperaturas, e as árvores emoldurando os grafites tinham os galhos envoltos numa camada de gelo. Pareciam feitas de vidro, contra os descampados que brilhavam esbranquiçados. Tudo ao redor lembrava um set de filmagem, a visão hollywoodiana da metrópole distópica que se torna ainda mais dramática no silêncio da neve. Mockovciak é magro, tem cabelos compridos escondidos debaixo de um gorro vermelho, os dentes manchados pelo cigarro, unhas encardidas de graxa e o rosto, mesmo jovem, marcado por rugas prematuras.
Ele nasceu em Dallas, estudou artes plásticas em uma universidade de elite em Nova York e, desistindo de ter 3 empregos para pagar o aluguel do Brooklyn, decidiu tentar a vida em Detroit. Ele mora sem custo algum num dos galpões que um investidor nova-iorquino comprou ali. Em troca, trabalha como designer de interiores dos restaurantes nesse mesmo empresário, pinta murais e assim como faz todo o serviço duro nas reformas dos imóveis. No piso térreo do galpão onde mora, funciona uma loja que vende tudo o que saqueadores urbanos conseguiram resgatar das ruínas de casas abandonadas. À noite, o recinto 11 Vezes Que Maisa Foi A Cara Da Nova Formação De Meninas Fortes filme de terror, com banheiras, canos, esquadrias, chapas de vidro e portas acumuladas.
Mockovciak, que atravessa diariamente a loja fechada para voltar a seu ateliê, virou um especialista nessas relíquias. Mesmo no escuro, só apalpando mesas, cadeiras, fechaduras e caixilhos, vai postando o utensílio, a data e o provável designer das peças -"puro bronze, anos 1920, Charles e Ray Eames". No caminhar do alto, onde construiu até uma quadra para jogar peteca, bem como está o loft que construiu para viver.
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