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Tal como a protagonista do desenho animado, a mulher contemporânea precisa de ser elástica para ceder conta das demandas do cotidiano. Em uma tarde de domingo caía uma fina garoa paulistana. Fui despertada de meus pensamentos longínquos por uma solicitação dos meus filhos. Eles me pediam que os levasse para olhar ao video Os incríveis, da Disney.
Arrastada pelo entusiasmo deles, entrei em uma longa fila, pela companhia barulhenta de pais, avós e garotas que se acotovelavam na porta da sala do cinema, pela tentativa de atingir um prazeroso território. Pipoca, Coca-Cola e chocolate! páginas da web relevantes , bem instalados nas poltronas, esperamos o vídeo começar. Na tela, desenhou-se a imagem do cotidiano de uma vida familiar cheia de encantos e desencantos, como todas as outras. Tarefas, alegrias e tristezas, limites e frustrações, lamentos e questionamentos são experimentados pelos protagonistas: um casal de ex-super-heróis e seus filhos que, impedidos de exercer seus poderes, são obrigados a levar uma vida "normal". O consulte a página do Sr. Incrível está pela potência.
A Sra. ótimo transforma-se na mulher-elástico. A filha mais velha, uma menina de uns doze anos, magrinha e tímida, pode se tornar invisível. Falante e ágil, o filho do meio, tem a jeito de correr a uma velocidade espaçoso. E o caçula, um bebê engraçadinho e comilão, de início parece ser o único membro da família sem eu pensei sobre isso . À proporção que me vejo interessada pela figura da mulher-elástico, me dou conta da sutileza do vídeo pela escolha dos poderes dos personagens.
Percebo, na reação dos meus filhos, que eles também se interessavam pelas características dos muitos personagens, identificando semelhanças e diferenças entre os protagonistas e eles próprios. Não demorou muito para trocarmos olhares de cumplicidade e risadinhas diante de determinadas cenas que lembram ocorrências conhecidas por todos nós. Saímos do cinema descrevendo animadamente o vídeo e continuamos a discuti-lo durante toda a semana. A partir daí, a imagem da mulher-elástico, muito bom representação pra mulher pela contemporaneidade, não me abandonou mais.
Lembrei-me de que Freud localiza o mal-estar do teu tempo na repressão da existência sexual devido à moral civilizada daquela data. Primeiramente, ele compreende que a neurose atinge mais as mulheres que os homens - apesar de que certamente esteja presente assim como neles propriamente em razão de são elas o centro privilegiado desta moral repressora. Ao reduzir a sexualidade ao casamento, a população no início do século XX organizava-se pra preservar a mulher no espaço privado, remoto da "tentação" do âmbito público, referência de saber e de independência.
Desde o decênio de 50, as mudanças no jeito de existência das mulheres vêm se processando de forma mais acelerada. A entrada no mercado de trabalho, o acesso à geração universitária e às recentes maneiras de erotismo organizaram a briga feminina em defesa dos seus direitos. A pílula anticoncepcional e as mudanças nos contratos matrimoniais assim como foram, aos poucos, organizando a saída da mulher do mundo doméstico e do exclusivo cuidado dos filhos, conduzindo-a pro espaço público, antes reservado quase exclusivamente aos homens. A progressiva vitória de novos lugares e papéis femininos trouxe uma infinidade de ganhos que, como não poderia deixar de ser, teve teu valor.
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