Como Me Apaixonei Por Novos Baianos |
Por ser um semianalfabeto científico, sinto-me liberado de falar sobre este tema outras opiniões que em existência lhe foram feitas, parte delas provavelmente alimentadas pela inveja de cientistas sem a tua fama e empatia. De todo jeito, ele não foi uma unanimidade entre seus pares. Richard Powers escreveu o romance Ecos da Mente inspirado nele.
Qualquer semelhança entre Sacks e o protagonista Gerald Weber, um neurologista e escritor desgostoso pela suspeita de examinar os deficientes físicos aos seus cuidados em artigos de grande popularidade, não é mera coincidência. Maldade de Powers: Sacks jamais gigolou seus pacientes; ao inverso, só os ajudou, e muito, e os estimulou, muitíssimo. Contudo vamos ao foco do assunto. A bem contar, ao que mais me interessou pela obra de Sacks, tuas pesquisas com a música.
A neurociência da música praticamente inexistia no momento em que, nos anos 1980, o melômano Sacks cativou-se do tema e começou a cuidar de pessoas inopinadamente despertadas para a música ou por ela aliviadas, no momento em que não curadas, de doenças e novas síndromes bizarras. Nosso sistema nervoso, do mesmo jeito que o auditivo, é primorosamente sintonizado com a música.
O respectivo Curso De Violão Online ♫ O Melhor Curso De Violão Para Novatos . A música, como sabemos, não é só enlevo e bilu-bilu. Além de ser a única arte Metallica Sobrevive à Autodestruição No Novo álbum 'Hardwired... To Self-Destruct' , segundo Millôr, nos ataca pelas costas, detém agentes cognitivamente infecciosos, que se infiltram e instalam no cérebro por tempo indeterminado e com alterável regularidade. Sabe aquele fragmento musical que de repente começa a nos martelar a cabeça e se repete incessantemente por horas, algumas vezes dias, a fio? Sim, aquele grude musical que quase nos leva à loucura e ao qual nenhum ser humano parece imune.
Sacks o aborda em seu livro. A Misteriosa Rede De Restaurantes Que A Coreia Do Norte Opera No Exterior devido a ele, aliás, que aprendi seu nome “científico” em inglês: “earworm” (verme de ouvido). Derivado do alemão “Ohrwurm”, melhor lhe assentaria o correlato “brainworm”, porque é no cérebro que ele atua. Também imediatamente o vi referido como Imi (imagem musical involuntária), “comichão cognitiva” e, de modo pitoresca, por franceses (“musique entêtante”, música teimosa) e italianos (“canzone tormentose”).
Presumo que possamos enquadrar nesta ordem a fictícia Sonata de Venteuil, espécie de madeleine sonora planejada por Proust em sua Recherche. Certamente era um verme de ouvido a canção de Les Misérables que George Constanza não conseguia tirar da cabeça, pela segunda temporada de Seinfeld.
Apurou-se que os “vermes de ouvido” atacam mais os músicos e quem sofre de transtorno obsessivo-compulsivo e azucrinam por mais tempo as mulheres. Jean Harris passou 33 anos com a canção Put the Blame on Mame, cantada por Rita Hayworth em Gilda, rodando sem parar na cabeça.
Nem sequer quando conversava tinha descanso. Ensandecida, matou o marido. Coincidência ou não, foi num conto de Edgar Allan Poe narrado por um assassino, O Demônio da Perversidade (1845), que descobri a primeira fonte literária à comichão musical. Trinta anos mais tarde, em uma curta ficção originalmente intitulada A Literary Nightmare, Mark Twain inventaria um virótico estorvo cognitivo, derivado de um jingle, com o qual o narrador contaminava o cérebro de um pastor e este, os de seus alunos.
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