Desirée. Juvenal Tenta Encerrar A Conversa

Em 1998, no momento em que João Havelange deixou a presidência da Fifa, a Folha publicou um caderno especial sobre o homem que havia comandado o futebol mundial pelos últimos vinte e quatro anos. Ele se enganava, pelo menos em conexão a horas de vôo: Havelange parecia buscar a presidência da Organização das Nações Unidas.

Fundada em 1904, a Fifa tivera até em vista disso 6 presidentes, todos europeus (um belga, dois franceses e três ingleses). Por mais que os olhos azuis e o sotaque arranhado não compusessem o ''physique du rôle'' do brasileiro inconfundível, não havia dúvidas de que Havelange representava redistribuição de poder pela Fifa.

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Num golpe de mestre, se exibe como o candidato do Terceiro Mundo, o futuro presidente que iria transportar o futebol a todos os continentes, sobretudo à África e à Ásia, aos países mais pobres. Como num movimento de países não-ajeitados na ONU, passa, na condição de presidente da confederação tricampeã mundial, a tratar pelos ''deserdados''.

Com este discurso, alia conteúdo político à caça ortodoxa de votos. Obtém, deste jeito, o apoio de países comunistas do Leste Europeu. E a Fifa, desigual da ONU, não tem conselho de segurança ou cada órgão em que um país pese mais do que outro. O voto de Honduras valia, e continua valendo, tanto quanto o da Inglaterra. Representantes de mais de 10 países árabes e africanos haviam defendido no plenário a volta da China à Fifa.

Pra essa finalidade, seria preciso expulsar Taiwan, situação do governo comunista chinês. Rous e a maioria dos europeus, parelhos com os EUA, eram contra. Alguns delegados não haviam se determinado. Na véspera, citou Havelange à Folha, ele recebera um telegrama do governo brasileiro proibindo-o de abrir a Fifa à China. O ordem foi desrespeitada.

No meio do debate, levanta-se e pede a frase. Rous, voltando atrás depois de protestos. Em um minuto e 40 segundos, num discurso em francês importante pra tua vitória pela eleição, Havelange defende os chineses, conquistando os votos que faltavam. A proposta de retorno do estado vence por 59 a 47, no entanto não atinge os três quartos de votos necessários. Com os países que ingressaram naquele congresso, a Fifa passou a ter 146 membros, 139 com justo a voto. Pela cédula com nomes de Rous e Havelange, o eleitor riscava o nome do preterido, deixando à mostra o escolhido. No primeiro turno, Havelange vence por 62 a 56, menos do que os 2 terços exigidos pelo estatuto.

Eram 15h03 em Frankfurt. 2 dias depois, o Brasil estrearia na Copa da Alemanha, contra a Iugoslávia, num 0 a 0 que sinalizaria vinte anos sem título mundial, tempo em boa porção de trevas pra seleção. Para Havelange, o melhor da história estava só iniciando. E o melhor da história, pra Havelange, não seriam gols, jogadas, craques. No ano anterior, ele ponderou que o balanço que faz de cada competição não se fundamenta em critérios esportivos, porém em cor desfecho da contabilidade.

Desde 1974, o azul dos balancetes da Fifa tem ficado ainda mais forte. Quase nada, comparando com os contratos de venda dos direitos de marketing e televisão das Copas de 2002 e 2006 para a empresa de marketing ISL. 1,dois bilhão na transmissão por Televisão e marketing. 2,oito bilhões pra Fifa e ficará com todo o lucro da venda do patrocínio dos 2 próximos Mundiais e da cessão dos direitos de transmissão de Televisão pra todo o planeta. Já que os direitos das duas primeiras Copas do século vinte e um desencadearam uma disputa entre dois grandes grupos do marketing esportivo, em volta dos quais os dirigentes do futebol se perfilaram, aprofundando a níveis jamais vistos o racha na Fifa.

900 milhões pra Deste jeito Você Deseja Alinhar Namorado? . Mais do que uma potência com faturamento invejado por várias multinacionais, a Fifa é a organização central do setor esportivo, aquele que mais cresce pela indústria de entretenimento mundial. 260 bilhões anuais o impacto do futebol pela economia mundial. Ele Não Quer Casar? toda a Europa, os clubes estão virando sociedades anônimas, com o objetivo de gerar lucro. Na Itália, o futebol neste momento responde por 2% do Item Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos em um ano) e tem vasto perspectiva de crescimento. O esporte representa 3,5% do PIB dos Estados unidos, um dos países onde o futebol pode agigantar-se como negócio, como Brasil e China.